aqui, é o outro lado da moeda.
naquela noite, eu lembrei da falta que voce me faz, de tudo que não me ensinou, de não estar lá quando eu saia da escola, de não me cobrir antes de dormir, o fato de eu não ter de quem se orgulhar, e muito menos aquele em eu poderia ter me espelhado. as velhas fotos, e tantas histórias pareciam contos, nada chega perto da realidade. a tentativa de fazer voce se importar, fazer voce saber do potêncial que eu tenho, e de todas minhas realizações, que permanecem na sombra...
aquela noite, parecia não ter fim. eu estava inconsolável, o mundo não importava mais para mim, e deixei meus sentimentos aflorarem.
foi um pesadelo, mas eu estava bem acordado. somente meu travesseiro sabia, foi ele que me segurou, que deixou que eu encostasse a cabeça em seu ombro, enquanto deixava cada lágrima rolar pelo meu rosto, e me lamentasse na minha cena dramática e exageradamente teatral de sofrimento. só aquele pedaço de algodão soube do meu choro sufocado, da angústia de não conseguir ver uma solução, de achar que a culpa é minha. e quando parava de chorar, vinha uma recaída pior. chorei do mesmo modo que as crianças.
não chegou nem perto do sentimento que esperava surgir dentro de mim, e não sei o que senti naquele momento. Medo, tristeza, raiva, ódio, desespero, incontentamento? prefiro não descobrir.
as tantas vezes que chorei ao lado do telefone esperando ouvir a sua voz. o modo que me importo com o seu bem, e lamento as minhas decisões que irão te prejudicar. a única coisa que aprendi é que já sou infinitamente melhor do que voce.
mas isso não importa. é com os piores erros que se aprende mais.
que voce tenha tudo o que mereça.