
Todo mundo detesta dias parados. Ficar sem fazer nada o dia todo irrita, é um fato. Quando isso acontece, não se espera que nada de mais aconteça no resto do dia.
Eu invento o que fazer. Ligo a televisão, crio algo para comer, e assisto algum filme que parei na metade, ou algum que já sei o roteiro inteiro. Acabo ficando impaciente e desligo o dvd. Ligo o computador, para ver se o tempo passa, e enquanto vejo o bonequinho do msn girando, me questiono o que as pessoas faziam antigamente para passar o tempo. Depois que conectou, não demorou muito para subiu aquela janelinha com nossa foto. Parei as cinco conversas, fiquei olhando aquela foto com a minha cara de paisagem, e só voltei a mim quando li aquele "oi amor". Depois disso, não tinha como não sorrir.
Depois de algum comentário dela, que eu não me recordo exatamente qual foi, eu parei por alguns minutos e começei a pensar. Começei a relembrar, e refletir sobre nós dois. "Será que existem muitos casais que se conheçem no onibus", e "quantos serão os casais tão irreverentes, que invertem os papeís do jeito que nós fazemos" foram as perguntas que me levaram à distração, entre tantas outras. Fiquei imaginando se eu exagero muito, se não sei explicar, ou se o amor causa alucinações em outras pessoas, da mesma maneira que causa em mim..
Engraçado. Agora são 09:24, e na rádio que eu ouço todo santo dia está tocando a "música dela", que curiosamente tocou na televisão ontem, enquanto falava com ela no telefone. Tem momentos que ao me referir à ela, eu fico com uma felicidade contagiante, a ponto de respirar bem fundo, e é nesses momentos que a música toca em algum lugar. Mas já está virando banalidade, porque tem tanta coisa que me faz pensar nela, que esse comentário acaba sendo até normal. mas então, voltando...
Me questiono se alguém se sente tão bem assim como eu, quando fala da pessoa que mudou a sua vida. Não tem como negar que mesmo que o relacionamento seja um fiasco, que não é o meu caso, no final as pessoas acabam mudando. É quase mágico, o jeito que ela faz de mim o que quer, que me deixa totalmente vulnerável, submisso e dependente à ela, e ela não precisa fazer nada para isso, é natural. As palavras dela tem a capacidade de ecoar no meu ouvido durante dias, mêses, anos. Minha memória é péssima, e todo mundo sabe disso, porém, eu lembro em alto e bom tom as primeiras palavras que ela redigiu à mim, aquele já não tão tímido "qual é o seu nome?", assim como cada palavra, cada gesto, quase todos os momentos na presença dela. Saber que ela sempre vai estar comigo, seja do meu lado, do outro lado da linha, ou em qualquer outro lugar me conforta.
E antes de dormir, voltamos a nos falar ao telefone. A conta vai parar nas alturas, os donos adoram, nossos pais detestam. Nós sabemos disso, mas é impossível resistir as provocações do telefone, que fica nos olhando enquanto deitamos, tipo: "Voce tem certeza que não vai ligar para ela?". Mas eu não consigo dispensar a oportunidade de desabafar com ela. Falar do que me preocupa, fazer perguntas ingênuas e ter momentos que para sempre vão ficar na minha tão fraca memória. E eu volto a fazer cara de paisagem, e poucos segundos depois, o desabafo vira mais do que palavras. Do mesmo jeito que ela me faz falar, me faz chorar, também me faz rir. Passado algum tempo, já tinha me recomposto, e enquanto falava com ela lembrei daquele pensamento que tive enquanto os bonequinhos giravam. E fiquei pensando nisso até meia-noite, pouco depois de desligar o telefone. E cheguei a uma conclusão hoje cedo.
"O tempo passa, as pessoas crescem, como um rio que flui sem fim".
Antigamente, não existia computador, televisão, muito menos telefone. Mal existia eletricidade, muito menos carros, baladas e tanta coisa que as pessoas dizem que é básico. Mas eles eram felizes. Talvez até mais do que somos hoje. Não existiam batidas de carro, nem atropelamentos. Não eram influênciados pela mídia, nem ficavam viciados pela internet, muito menos sedentários. Sem falar que os grandes pensadores eram todos dessa época.
Naquela época, os casais não se viam direito, ou porque os pais proibíam, ou porque não tinham possibilidade mesmo. Naquela época existia trem, buquês de rosas, e cartas com marcas de batom e borrifadas de perfume no papel.
Em contexto, não se trata somente de mim e da senhora minha namorada. Não precisamos de muito para sermos felizes. Podemos resistir à ausência um do outro, embora isso seja uma sentença para ambos. Se antigamente, ninguém tinha tecnologia, e por fim casavam e viviam felizes para sempre, porque agora que evoluímos não podemos continuar vivendo a felicidade?
Sim, existem várias maneiras de amar. Cada um escolhe a que lhe convém, mas o importante é saber amar.
"mozinhoo, eu te amo, certo?"
"Jée, Tem dias que voce quer postar. Tem dias que voce se sente obrigado a postar. E tem dias, que voce não quer nada disso, e normalmente é ai que surge a inspiração". Realmente, é assim que funciona. Pode surgir antes do banho, ou durante a janta. Depois da novela, depois de cortar o dedo do pé, ou antes de espirrar. Não importa quando ou como, mas quando eu consigo parar nessa cadeira e escrever muito, com o coração, isso me deixa bem. É como quando nos enchemos de chocolate, damos um abraço apertado naquela pessoa que não vemos há anos, ou quando fazemos um ato remoto de benevolência. É algo muito semelhante a isso.