
Não comer regularmente, dormir "cedo" e acordar tarde, ficar transitando pela casa só de cueca, e aos domingos de muito frio ficar quase o dia inteiro de pijama. Deixar a janela aberta o dia todo, guardar convites de festas de debutantes, e as cartinhas de amor. Andar descalço, tomar banho gelado no calor, apagar as luzes e fechar a janela do quarto, só para deitar e ficar olhando as estrelas que preguei no teto. Beber toda a água gelada, acabar com os gelos, e com as bolachas de chocolate. Ser preguiçoso acaba comigo, mas é parte de mim, me faz feliz.
Imaginar um mundo utópico, ter discurso de candidato a presidência, pensamentos de filósofo, e palavras de comediante. Rir de absolutamente tudo, estralar os dedos até acabar com minhas articulações, ter o corpo remendado devido as diversas fraturas, não crescer desde os 13. Ver as coisas do lado positivo, ouvir os problemas alheios, e ser intrometido. Ficar largado na cadeira, ter brincos nas duas orelhas, usar roupas largas que caem, e outras que me sufocam. Não tirar fotos de rosto virado, constantemente ter olheiras enormes, e deixar a barba crescer, para ficar que nem a do bode. Não é bonito, mas é algo que me deixa feliz.
Ser contra chicletes e cigarros, e multiplos partidos políticos. Ser patriotista, questionar os princípios da lei de legitíma defesa, e brisar constantemente. Falar pelos cotovelos, falar a verdade sempre. Ter meus momentos de infântilidade igual à todo mundo. Passar horas jogando conversa fora com os amigos, fazendo escandalo, falando muita besteira e chorar de tanto rir. Contar piadas sem graça, tocar o meu violão que nunca tem a bendita primeira corda, dançar indiscretamente e diferentemente de todos, não me intimidar com o vazio. Inventar danças, girar a Carol até ela cair, jogar limão no Ananias e beber as cachaças da casa do Gui. Zuar o preto toda vez e brincar de soquinho com a loira no final da festa. Isso me faz muito feliz.
Não ter celular, para usar o alheio e ajudar na construção de uma conta de telefone de 240 reais. Olhar todo mês aquelas fotos velhas, guardar papéis desnecessários, e pegar todos os papéis de dentista que dão na rua. Ter dó dos cachorros de rua, e de crianças abandonadas que falam no notíciário. Me apaixonar rapidamente, e sofrer com as consequencias depois. Dar conselhos que nunca consigo exercer e fazer bastante bobagem. Ser cara de pau, discarado e inconsequente. Ser indiscreto, chegar perto do pescoço delas para sentir o cheiro do perfume, e ser galinhão. Não é algo que se preze, mas ser assim me faz feliz.
Comer a comida da minha vózinha, dizendo que aquela refeição deveria ser comida de joelhos. Abraçá-la não tão forte, afinal ela já é velhinha, e gostar da expressão do rosto dela quando ela sorri, já com tantas marcas que o tempo deixaram. Andar de braços dados, e imitar a pessoa ao lado. Pegar metrô em horário de pico, rir de quem cai na rua, ou no ônibus, ou em qualquer lugar, não importa. Pescoçar o que os outros estão lendo, olhar o relógio alheio ao invés de perguntar a hora, e esquecer do que eu estava falando. Péssimo, mas me faz feliz.
Imaginar alguém comigo deitada na grama à tarde, e ficar olhando os desenhos nas nuvens, e deixar as horas passarem. Ao fim da tarde, ainda estar deitado, olhando o por-do-sol até ele se tornar a vasta escuridão, e luzes surgirem como se fosse mágica, me fazendo brincar de ligar pontos. Ou sentar nos rochedos da praia, após escorregar várias vezes durante a subida, para ficar dez minutos no sol e ir embora, já que depois disso, o sol me deixou com uma bela dor de cabeça. Ver aquela casinha de madeira no meio do enorme campo em um dia de temporal, correr até aquele canto isolado, e ficar horas ali se importando somente com os lábios da minha compania. Imaginar isso me faz feliz.
Ouvir música alta, dançar muito rápido, até o corpo cansar. Ir tomar banho com o som mais alto ainda, a ponto de tremer todos os vidros da casa, e não ouvir a campainha e muito menos o telefone. Depois do banho, ficar de toalha por mais de uma hora, não pensando no que irei vestir, mas dançando descalço na frente do espelho, sujando o meu pé que acabei de lavar e suar mais uma vez. No final tenho que tomar mais um banho, mas eu fico feliz.
Ler poemas épicos, não entender boa parte deles, e mesmo assim gostar. Assistir filmes em inglês, rir das piadas e corrigir a legenda. Jogar pipoca nos outros, contar o final do filme, e tumultuar na sala do cinema. Andar sem ter rumo. Ficar passando os canais na televisão, xingar o júiz do jogo de domingo, e ir na missa das nove. Adorar a sogra do amigo, não temer o reboque, e dançar na faixa de pedestres à meia-noite. Sentar em cima do capô do carro, ficar de vela, e interferir nas brigas conjugais. Andar distraído na rua, de cara feia. Andar muito rápido, quase correndo, fazendo zigue-zague entre as pessoas, e casualmente esbarrando em alguém. Desagradável, mas me faz feliz.
Nós não precisamos de histórias enormes, porque são os instântes que menos duram que nos trazem a felicidade que precisamos.
São aqueles momentos que tiraram nosso folego que contam como viver, e não as tantas vezes que respiramos.
Deixe a vida ser simples, a felicidade virá quando voce menos imaginar.
"Danke Loira ;D"
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