sábado, 19 de junho de 2010

Mil Desculpas, Esfarrapadas.


Tem horas que eu simplesmente me tranco no quarto, esperando a hora passar. Me deito no sofá, coloco o braço no rosto e fico imóvel. Não demora muito, vem um silêncio que parece ter o dom de parar o tempo, e me deixar irritado. É ai que eu me levanto, e vou para a janela, ando pelo quarto, e bagunço tudo o que eu vejo arrumado por ai, para algum tempo depois eu arrumar. E não importa o que eu faça, por algum motivo o tempo não passa.
Tem horas que eu saio de casa, me acomodo no banco ao vento que tem lá embaixo, aquele que fica na sombra, e pega bastante vento, mas não adianta. Colocava o fone de ouvido, ligava na música preferida, que naquela hora me pareceu tão demorada. Ligava a televisão, o rádio, o chuveiro. E eu me questiono o que se passa comigo, da mesma maneira qual me questionei há uns dias atrás, quando acordei de madrugada sem sono. E por um instânte, o meu desejo era de deixar a mente vazia, mas me vem coisas que eu não queria, de um jeito inconstante, imprevisível. Aquelas memórias dos erros, que na ocasião não pareciam erros são as que mais aparecem. Aqueles momentos, aquelas atitudes, aquelas coisas mínimas que viraram bolas de neve, me fazem respirar mais fundo, e por um instânte abaixar a cabeça por saber que agora só resta lamentar.
E enquanto eu permanecia sentado com as pernas cruzadas, juntei as mãos para a frente do rosto, cobrindo o nariz e a boca ao mesmo tempo, e esperei.
... Esperei o tempo voltar, não para deixar de fazer o que fiz, mas que pudesse pedir aquelas desculpas que até hoje permanecem guardadas dentro do meu peito. Esperei o tempo voltar para que pudesse olhar nos olhos, para que pudesse andar de mãos dadas, para que pudesse sorrir mais uma vez. Esperei o tempo voltar, mas não aconteceu.
Lembrei das promessas, de uma foto minha falando ao telefone, do buquê de rosas laranjas. Lembrei dos momentos sentados no degrau em frente aquela casa, rasgando papel. Lembrei do beijo que ficou para depois, das palavras que consentiram, das lágrimas que correram. Daquelas brincadeiras que somente nós tinhamos, da minha cara no intânte que ouvi qual era o filme que iria assistir, e do jeito que eu fixava o olhar em cada movimento. Dos créditos do celular da minha mãe que gastei, mandando tantas mensagens, de nós nos empurrando na calçada, de apertar aquelas bochechas tão grandes. Realmente me faz falta as conversas que já não existem, da vontade de estar perto de tanta gente, que por desejo do tempo nos afastou de maneira quase imperceptível, e no momento que notei já estava acostumado com essa ausência um do outro. Por alguns segundos me percorre uma sensação estranha, de saudade.. talvez de arrependimento.
E sim, tantas desculpas serão jogadas ao vento para que virem brisas, e que talvez um dia elas envolvam e façam todas aquelas que se sentiram assim, como eu me sinto agora.

Eu esperei que em um dia longíquo da minha memória, o vento voltasse a soprar para que tudo tivesse sido diferente, mas não aconteceu.
e depois de tanto imaginar como seria, e depois de tanto esperar, me restaram a decepção, e mais algumas horas de sono antes de voltar para a realidade.
Além das mil desculpas, agora tão esfarrapadas*

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